O bombeiro aposentado Ozemar Cabral de Macedo, de 55 anos, esperou 8 horas para ser transferido da enfermaria para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR). A denúncia foi feita por familiares nesta terça-feira (23).
Macedo deu entrada no dia 20 de março e precisou ser intubado para continuar o tratamento contra a Covid-19. O pedido por leito de UTI foi feito às 7h de hoje, mas a transferência só ocorreu por volta das 15h.
Ao Roraima em Tempo, o irmão do paciente, o gestor ambiental Eduardo Cabral, avaliou que a demora pode ter contribuído para agravar o quadro clínico. Mais cedo, em um apelo divulgado nas redes sociais, ele cobrou do Governo do Estado um leito para Ozemar.
“Na enfermaria me falaram que estavam tentando abrir leito na UTI. O encaminhamento foi feito às 7h e conseguimos na tarde de hoje. Outras duas pessoas que estavam na mesma enfermaria que ele foram levadas, sendo que ele foi um dos primeiros a regular. Ele ficou muito tempo sem o devido tratamento”, criticou.
O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mostrou que, nessa segunda-feira, dos 90 leitos de UTI no HGR, 38 estavam livres. Em tese, o bombeiro aposentado, deveria ser levado assim que precisou do tratamento intensivo. “Fizeram uma reunião e que o Estado dispõe de 125 leitos de UTI. É mentira! Não tem UTI”, resumiu o profissional.
SEM MEDICAMENTOS
Eduardo também relatou que para não interromper o tratamento do irmão, de 55 anos, a família precisou comprar o medicamento dexametasona. A reclamação por falta de remédios é antiga. No ano passado, a reportagem mostrou que o HGR enfrentava desabastecimento de anticoagulante, que evita trombose.
O gestor ambiental perdeu outro irmão no dia 10 de março, Ismar Cabral Macedo. Quando o paciente estava internado, a família teve que comprar Gliconato de Cálcio 10% para evitar hemodiálise.
A situação causa sentimento de impotência em Eduardo. “Sentindo de indignação! Saber que me enganei com esse governador, que, aos olhos dele, Roraima é a 8ª maravilha do mundo”, criticou.
CITADA
A Secretaria de Saúde informou que o HGR está abastecido com os medicamentos necessários para o tratamento da Covid-19. “Nesse momento, o medicamento Suxametônio, que possui estoque, está substituindo os medicamentos Atracúrio e Rocurônio”, garantiu.
Contudo, a secretaria não justificou a demora para transferir o paciente citado na reportagem, mesmo com o boletim indicando vaga.