O governador Antonio Denarium (sem partido) anunciou nesta segunda-feira (3) a exoneração de Marcelo Lopes do cargo de secretário da Saúde. No lugar dele assume o ex-deputado federal e empresário Airton Cascavel, o oitavo à frente da secretaria e o quarto durante a pandemia do coronavírus.
“Quando a gente faz alteração no primeiro escalão do governo é uma situação que ocorre à medida de alguma necessidade. Faz parte do processo público. O trabalho do Marcelo foi importante para superarmos desafios naquele momento [pico da pandemia]”, disse Denarium, ao acrescentar que na gestão de Marcelo foi aprovado o PCCR dos servidores.
Já passaram pelo cargo: Ailton Wanderley, Elcio Franco, Cecília Lorenzon, Allan Garcês, Francisco Monteiro, Olivan Júnior e, por último, Marcelo Lopes, que durou mais tempo à frente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Marcelo Lopes assumiu o cargo em junho de 2020 após negociação do governo com a Assembleia Legislativa, presidida pelo então deputado Jalser Renier (SD). Com a queda de Jalser, a permanência do nome indicado pelo parlamentar foi tornando-se insustentável.
Lopes foi tirado do cargo sob forte pressão de aliados, tendo em vista o crescimento de críticas ácidas da opinião pública no que tange ao combate à pandemia. Falta de médicos, medicamentos e insumos no Hospital Geral de Roraima (HGR) também contribuíram para manchar a administração do gestor.
Airton Cascavel assume a secretaria em meio à falta de profissionais em unidades de saúde do interior de Roraima, insatisfação de servidores e problemas crônicos, como infiltrações no HGR, além do enfrentamento à pandemia da Covid-19.
INVESTIGAÇÃO
Cascavel é investigado por suposta compra de votos nas eleições de 2018 para favorecer Denarium. Informações obtidas pelo Roraima em Tempo revelam que bens teriam sido distribuídos na comunidade indígena Willimon, na Raposa Serra do Sol, em Uiramutã, em troca de votos.
A ação aponta que na época da eleição de 2018, um helicóptero foi apreendido pelos indígenas. Na aeronave estava Airton Cascavel, que, segundo sustenta a ação, “não teve outro objetivo senão comprar votos para seu candidato ao Governo do Estado”.
Depois de assumir o governo no fim de 2018, por meio de uma intervenção federal, Denarium escolheu Cascavel para assumir a presidência da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh). Contudo, ao ter o nome submetido ao Plenário da Casa Legislativa, o empresário foi rejeitado por 14 deputados e não assumiu.
Recentemente, ele estava como assessor especial no Ministério da Saúde, durante a gestão do general Eduardo Pazuello.