A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) enviou nesta terça-feira (11) um novo documento ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cobrou, com urgência, a retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami em Roraima, para evitar genocídio por doenças, como malária e o coronavírus, e conflitos com armas de fogo.
O novo pedido surge um dia após embarcações atacarem a comunidade indígena Palimiú. Preliminarmente, a Fundação Nacional do Índio (Funai) registrou cinco pessoas feridas, sendo quatro garimpeiros e um indígena. A Polícia Federal (PF) e o Exército Brasileiro se deslocam ao Rio Uraricoera para colher informações do caso.
No documento, a APIB exige que Barroso cobre quais medidas são adotadas pela União contra os invasores, e que novas operações com apoio da Polícia Federal e Exército sejam determinadas para que apreensões e fiscalização ocorram de forma contínua.
“A situação na TI Yanomami é grave e tensa. Os indígenas estão sob permanente ameaça de garimpeiros. A realidade é o prenúncio de um genocídio. É preciso que o pedido de socorro dos Yanomami seja ouvido”, cobra a associação.
CONFLITOS
Vídeo mostra momento de tiroteio na Terra Yanomami – Imagens: Reprodução
A carta cita três dos conflitos mais recentes que ocorreram entre indígenas e garimpeiros, contando com o tiroteio desta semana. O primeiro ocorreu no dia 25 de fevereiro deste ano, e foi relatado pelo Roraima em Tempo.
Garimpeiros bêbados foram até a comunidade Helepi atrás de um indígena com o qual tinham desavenças. Logo que ele apareceu, um dos garimpeiros atirou contra ele e o deixou gravemente ferido. O irmão do indígena, que testemunhou a situação, flechou o atirador. Ele morreu na hora. O restante dos garimpeiros se retirou e prometeu vingança.
O segundo conflito ocorreu no dia 27 de abril. Nesta situação, um grupo Yanomami interceptou cinco garimpeiros que subiam o Rio Uraricoera em uma voadeira carregada com 990 litros de combustível para avião e helicóptero. Os indígenas apreenderam a carga e os cinco homens.
Outro grupo de garimpeiros viu a situação e começou a atirar contra os indígenas, o que deu início a um tiroteio. Ninguém ficou ferido. Após o conflito, os Yanomami liberaram os garimpeiros, alertaram para que não voltassem, e reforçaram que não querem invasores subindo e descendo o rio, causando transtornos às comunidades.
A carta faz referência ao depoimento de um médico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em que ele cita que a presença de mercúrio causada pelo garimpo faz com que comunidades quase não tenham acesso à água potável. Animais também são afetados pela atividade ilegal, o que faz com que indígenas morram de fome.