Nesta quinta-feira (18), é comemorado o Dia Nacional da Imigração Judaica, data que celebra a contribuição da comunidade judaica no Brasil e faz alusão à reinauguração da primeira sinagoga fundada em Recife no século XVII. O dia foi oficializado em 2009 por meio de um projeto de lei.

Historicamente, as regiões Nordeste, Sudeste e Sul receberam muitos judeus que buscavam novas oportunidades e que fugiam do antissemitismo (preconceito contra eles). Apesar de um número menos expressivo, em Roraima também existe a presença deste povo, que se organiza para manter as tradições vivas.

Leôncio Castro, um dos integrantes do grupo, explica que a data relembra a ancestralidade e memória do povo judeu, que foi expulso de Portugal e Espanha pela perseguição da inquisição e veio ao Brasil, deixando grandes nomes na história Brasileira, como Fernando de Noronha, Padre José de Anchieta e até Silvio Santos.

“Entre estes estavam meus ancestrais, os Castro e os Monteiro, que no Brasil se refugiaram no sertão do Ceará e mesmo assim foram encontrados e obrigados a se converterem ao cristianismo. Desde então, a tradição judaica de meus ancestrais foi reduzida a pequenas ‘superstições’ de católicos fervorosos. É pela memória dos que não puderam praticar sua fé que hoje celebro esse dia, por saber que eles não puderam, mas eu posso e mais ainda meus filhos e netos”, declarou.

Para ele, o judaísmo transpassa o status de religião, é um modo de vida ligado ao cotidiano de um judeu religioso.

“Rezo, sempre que posso, com meus filhos, sempre com alguns objetos religiosos descritos na Torá… o Talit, tefilin, Kipá… e sempre nos reunimos nas festas, seja no shabat [sábado] que acontece toda semana, bem como nas grandes festas: Pessach [Páscoa judaica], Shavuot [festa das semanas], Rosh HaShaná [Ano novo], Yom Kipur [dia do Perdão] e Sucot [Festa das cabanas]. Com isso, fazemos com que nossos filhos revivam cada um dos momentos incrivelmente marcantes da história do nosso povo”, explicou.

PRECONCEITO

Ao longo da história, o povo judeu sofreu inúmeras perseguições, desde a idade média até o momento mais lembrado, a ascenção do nazismo na Alemanha. Estima-se que com o holocausto, mais de 5 milhões de judeus tenham sido assassinados.

Apesar do avanço das discussões, muitos judeus ainda passam por momentos de discriminação, Leôncio relembra que já chegou a ser demitido por conta da religião.

“Certa feita fui demitido de um trabalho por não ser cristão, não apenas eu, alguns amigos da comunidade local também já passaram por isso, mesmo vivendo num país livre e no século XXI. Procuro não focar nisso, mas vou pro embate quando preciso. No início da semana um pastor evangélico foi preso por propagar ódio aos judeus e pregar um novo holocausto, foi nossa comunidade em São Paulo que acionou a justiça depois que o vídeo correu as redes sociais”, citou.

A data do Dia Nacional da Imigração Judaica também é um lembrete à população sobre o respeito à diversidade e a diferença no Brasil.

“O dia 18 de março, apesar de não ser uma data religiosa, é sempre marcado pela lembrança da chegada de nossos ancestrais aqui e do direito inalienável que todo ser humano tem de crer livremente. É um marco da liberdade de existir e de ser”, finalizou.