Uma equipe de reportagem da TV Imperial que filmava rotas clandestinas na fronteira do Brasil com a Venezuela, dentro do perímetro urbano do município de Pacaraima, foi hostilizada por um transeunte que passava pelo local. O caso ocorreu na manhã desta quinta-feira (25).

O jornalista Bruno Perez comentou ao Roraima em Tempo que trata-se de um brasileiro que começou a ameaçar quebrar a câmera do cinegrafista Carlos Paiva, após atravessar a fronteira da Venezuela para o Brasil, e perceber que estava sendo filmado.

“Um brasileiro atravessou clandestinamente a fronteira de moto e depois veio andando. Ele não pediu ou se identificou. Nada. Ele só disse: ‘Vou quebrar essa câmera’. Ele nos ameaçou, falou que era jornalista de São Paulo e que não permitia ser filmado”, lembrou o repórter.

Bruno disse que ficou cara a cara com o homem, ouvindo as ameaças. “Ele percebeu que estava sozinho contra uma equipe de três pessoas e foi embora, dizendo coisas como: ‘Vou f* com sua vida em 10 minutos'”, complementou.

O profissional ponderou que não pretende denunciar o brasileiro para a Polícia Civil, uma vez que ele não sabe o nome da pessoa. “Entendo que veicular a reportagem com as ameaças explícitas talvez seja o próprio aprendizado para ele, porque não sabemos quem é e não o achamos mais”, declarou.

Há um ano, a fronteira do Brasil com a Venezuela está fechada devido à pandemia do coronavírus. Mesmo assim, centenas de imigrantes atravessam a área fronteiriça diariamente por rotas clandestinas. A estimativa do Governo de Roraima é que haja a entrada de ao menos 500 venezuelanos por dia no país.

ASO ROMANO

O jornalista Romano dos Anjos, que faz parte do quadro de apresentadores da TV Imperial, foi vítima de um sequestro em outubro do ano passado. Ele sofreu fratura no braço, ombro e diversos hematomas pelo corpo, resultado das agressões físicas.

Cinco meses depois, a Polícia Civil prorrogou por mais um mês as investigações. A demora para concluir o inquérito, conforme Romano dos Anjos, pode estar atrelada às interferências políticas no caso.

CITADA

Em nota, a TV Imperial, afiliada da Record em Roraima, refutou o ato contra o jornalista e afirmou que qualquer ameaça à imprensa é um atentado contra a liberdade de informação garantida à sociedade. A emissora frisou que não vai cessar a cobertura jornalística do assunto, mesmo diante de situação extremamente repudiante.

“Inaceitável que tenhamos que nos deparar com tais cenas em uma sociedade balizada na democracia, na qual a liberdade de imprensa está respaldada na Constituição Federal. Nos solidarizamos com os profissionais Bruno Perez e Carlos Alberto Paiva, e esperamos não nos deparar com novos episódios de violência”, finalizou.