O ministro da Justiça, Anderson Gustavo Torres, autorizou nesta segunda-feira (14) o envio da Força Nacional para atuar na Terra Yanomami, em Roraima. O envio dos agentes ocorre após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A operação terá o apoio logístico do órgão demandante, que deverá dispor da infraestrutura necessária à Força Nacional de Segurança Pública”, informa a portaria, ao acrescentar que o prazo pode ser prorrogado.
De maio a junho deste ano, a reserva registrou graves conflitos armados entre garimpeiros e indígenas. No último ataque, os garimpeiros mataram um cachorro e ameaçaram a comunidade Maikohipi. Estima-se que 20 mil invasores explorem ouro ilegalmente na região, que tem aproximadamente 30 mil indígenas.
A decisão do ministro Luís Roberto Barroso criticou a falta de transparência do Governo Federal, e enfatizou que os agentes de segurança devem permanecer no local até a retirada total de invasores.
No dia 9 de junho, Roraima em Tempo mostrou que o Ministério da Defesa pediu ao Ministério da Economia abertura de crédito extraordinário de R$ 20,9 milhões para enviar tropas das Forças Armadas para sete terras indígenas que registram a presença de invasores, incluindo a Terra Yanomami.
CONFLITOS
De acordo com a Hutukara Associação Yanomami, o primeiro caso ocorreu no dia 10 de maio, quando sete embarcações com garimpeiros armados atacaram a comunidade Palimiú. Seis dias depois, eles retornaram e lançaram bombas contra a mesma comunidade.
No dia 31 de maio, criminosos invadiram a Estação Ecológica de Maracá e roubaram materiais utilizados no garimpo ilegal, que tinham sido apreendidos em uma fiscalização. As entidades repudiaram o caso e cobraram ações de segurança.
Já no dia 5 de junho os invasores atiraram bombas de gás lacrimogênio na comunidade de Maikohipi, próximo à primeira comunidade atacada em maio. Após três dias, a mesma região voltou a ser atacada por garimpeiros que atiraram contra indígenas que retornavam de uma caçada. Eles tiveram que fugir pelo rio.
De acordo com a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), foram enviados 13 ofícios entre abril de 2020 e maio de 2021 sobre a expansão do garimpo ilegal. Os documentos destacam que a presença dos garimpeiros ameaça a segurança dos indígenas e propaga casos de coronavírus.
Roraima tinha 6.094 casos de Covid-19 entre os povos indígenas até 1º de junho, segundo dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O número de morte está em 143 e atinge oito etnias.