O deputado Jalser Renier (SD) e a esposa Cinthya Lara Gadelha cobraram da Justiça de Roraima a devolução de equipamentos eletrônicos apreendidos na Operação Royal Flush, em cumprimento a uma determinação de dezembro de 2020. O documento foi enviado ao Judiciário no início deste mês e obtido pela reportagem.

Em dezembro, os desembargadores autorizaram Jalser e Cynthia a terem acesso aos equipamentos em 30 dias, depois que todos fossem avaliados pelo Instituto de Criminalística. Eles também poderiam depositar R$ 1,1 milhão para ter de volta os bens, mas apenas Cynthia depositou R$ 14,6 mil para reaver joias apreendidas.

O casal afirma que passados os 30 dias, a perícia não foi realizada nos aparelhos. Eles alegam que tentaram contato com o Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), mas não obtiveram êxito em conseguir os celulares, tablets, computadores, HDs e pendrives.

“Não obstante, embora já se tenham passado 74 dias desde a remessa dos autos ao MPRR [Ministério Público do Estado de Roraima], ultrapassando-se o dobro do razoável prazo conferido pelo eminente desembargador relator, não foi efetivada a ordem de restituição dos equipamentos eletrônicos”, escreve.

Jalser e Cynthia exigem que os aparelhos sejam imediatamente ressarcidos, independente da realização ou não dos espelhamentos pelo Instituto de Criminalística.

CASO

Jalser e Cinthya são investigados por participação em organização criminosa formada por servidores públicos, empresas privadas e “laranjas”, que teria fraudado licitações da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) entre 2010 e 2016.

Os valores provenientes dos crimes cometidos somavam, inicialmente, R$ 6.830.991,82. Entretanto, o Ministério Público constatou em investigação que o desvio de recursos públicos chega ao montante de R$ 24.563.385,08.

Durante as investigações, o órgão apontou que Jalser “estruturou e aperfeiçoou o esquema criminoso de desvio de recursos públicos do parlamento estadual realizado por meio de processos licitatórios simulados”. À época, o deputado acusou o MP de atuar por questões pessoais.

No mês passado, o Roraima em Tempo revelou que Jalser foi denunciado por improbidade administrativa. Ele é suspeito de desviar recursos públicos para construir uma garagem e uma área de lazer na residência dele, além de usar parte do dinheiro para construir o posto de gasolina da esposa.