Indígenas denunciam presença de garimpeiros em meio à pandemia – Reprodução/Victor Moriyama/ISA

Roraima registrou a marca de 6.002 casos confirmados de coronavírus entre povos indígenas. A informação é do novo balanço da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, dessa terça-feira (27). O estado só fica atrás do Amazonas (9.304) e Pará (7.146).

A Coiab realiza o monitoramento por meio de boletins informativos e notas de falecimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), informações de lideranças, profissionais de saúde, e organizações vinculadas à coordenação. Os dados apresentados foram coletados até 25 de abril.

No total, sete povos originários foram afetados pela doença em Roraima: Macuxi, Taurepang, Wai-Wai, Wapichana, Yanomami, Pemón, Warao, sendo os dois últimos oriundos da Venezuela, que se deslocaram devido à grave crise humanitária que atinge o país.

De acordo com a entidade, 121 indígenas morreram em Roraima vítimas da Covid-19. Desse total, 66 não tiveram a etnia identificada, enquanto os mais afetados foram os Macuxi e Yanomami, com 20 óbitos cada uma das tribos. Na sequência aparecem Wapichana (8), Wai-Wai (2), Taurepang (2), Warao (2), e Pemón (1).

VACINA

Ao passo que a doença se alastra nas comunidades indígenas, a vacinação contra o coronavírus segue em lentidão. Das 72.250 doses enviadas exclusivamente para os aldeados, apenas 30.117 foram aplicadas até esta quarta-feira (28). A dificuldade em deslocar as vacinas para as regiões mais afastadas é o grande entrave.

Por causa disso, a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) aprovou solicitar ao Ministério da Saúde que permita aplicar as doses dos indígenas em outros grupos prioritários para acelerar a vacinação, e imunizar os povos originários quando novas remessas fossem enviadas pelo Governo Federal. A pasta ainda não se pronunciou.

Outra questão denunciada por lideranças indígenas é a presença de garimpeiros, o que facilita a entrada e propagação do vírus nas comunidades. Estima-se que 20 mil garimpeiros estejam somente na Terra Indígena Yanomami, onde vivem 30 mil indígenas.

No mês passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Ianomâmi 709 e destruiu motores, aeronaves, apreendeu GPS, celulares, aparelhos de internet via satélite, ouro, mercúrio, armamentos e drogas, que estavam em um garimpo montado na região Yanomami. A medida faz parte das ações para evitar propagação de casos de coronavírus.