Foi deflagrada nesta terça-feira (29) a Operação Omama para retirar garimpeiros da Terra Yanomami em Roraima. A ação ocorre após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de maio e mantida pelos ministros no dia 18 de junho.
Participam das diligências o Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira (FAB), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Força Nacional. Segundo a PF, a operação também visa proteger os povos indígenas.
“Serão realizadas incursões estratégicas em diversos garimpos com apoio de aeronaves, equipamentos e tropas especiais visando apreender e inutilizar maquinários, aeronaves, insumos e outros materiais utilizados na extração de ouro, desencorajando os garimpeiros de permanecerem na região”, garantiu a Federal.
O nome da operação faz alusão à entidade que deu origem ao povo Yanomami, segundo a crença indígena. A Terra Indígena Yanomami é considerada a maior reserva do Brasil, e está situada entre os estados de Roraima e Amazonas. A população estimada é de 28 mil indígenas.
Roraima em Tempo mostrou que o plano para desintrusão dos garimpeiros estava pronto. Além disso, as Forças Armadas aguardam liberação de R$ 20,9 milhões para enviar tropas à reserva indígena.
DETERMINAÇÃO E CONFLITOS
No dia 24 de maio o ministro Luís Roberto Barroso mandou a União expulsar os invasores da terra indígena devido à escalada de conflitos armados na região, que resultou em garimpeiros feridos e ataques direitos aos Yanomami. O Plenário do STF manteve a decisão para retirar, com urgência, os garimpeiros.
Todos acompanharam o entendimento do relator sobre a falta de transparência do Governo Federal na tomada de medidas eficazes para proteger os indígenas, e a necessidade de evitar genocídio. O pedido foi feito por 17 organizações de defesa dos povos originários.
Desde o dia 10 de maio a Terra Yanomami registra diversos conflitos armados entre garimpeiros e indígenas. Houve feridos e até agentes federais foram alvo de disparos de armas de fogo por parte dos invasores.
Conforme ofícios da Hutukara Associação Yanomami aos órgãos de controle, os garimpeiros usam bombas de gás lacrimogêneo e armas de fogo para atacar as comunidades. O último registro foi em 18 de junho, quando garimpeiros afundaram uma canoa com crianças e jovens.
A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou no mês passado que foram enviados 13 ofícios entre abril de 2020 e maio de 2021 sobre a expansão do garimpo ilegal. Estima-se que mais de 20 mil invasores explorem a região em busca de ouro.
Os documentos destacam que a presença dos garimpeiros ameaça a segurança dos indígenas e propaga casos de coronavírus. Roraima tinha 6.094 casos de Covid-19 entre os povos indígenas até 1º de junho, segundo dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O número de morte está em 143.