Após um ano com escolas fechadas, para evitar contágio pela Covid-19, uma das alternativas adotadas para minimizar os prejuízos na aprendizagem dos estudantes foi o ensino remoto. Das salas de aulas com quadros, carteiras e pincéis, a nova realidade de alunos e professores passou a ser no ambiente virtual.

Em Roraima, as aulas presenciais foram suspensas no dia 16 de março. A Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seed) informou que as atividades são enviadas pelos professores aos estudantes pela internet e por material impresso, para os alunos que não têm acesso à conectividade.

Esta é a segunda matéria da série de reportagens ‘Reflexos da Pandemia’, que o Roraima em Tempo traz nesta semana, sobre um ano de isolamento social no estado e as adaptações. A primeira matéria foi sobre a convivência familiar em tempos de pandemia.

Por meio de aulas videochamadas, canais no youtube, lives no facebook, instagram e outras atividades on-line via celulares, notebooks e tablets, educadores e estudantes tentam superar as mudanças exigidas pela atual situação do mundo.

NÃO PRESENCIAL

Para Sabrina Alves, de 15 anos, estudante do 9º ano do ensino fundamental, o momento não tem sido fácil. A aluna da rede estadual de ensino de Roraima relata que a presença do professor é crucial na formação e na aprendizagem.

“Para mim, as principais mudanças foram na quantidade de atividades e na forma como elas estão sendo aplicadas. Não tem como tirar dúvidas na hora com os professores, como a gente tinha nas aulas presenciais, o que dificulta bastante, por isso tenho achado bastante ruim”, declarou.

Sabrina conta que antes do período de pandemia tinha mais facilidade para administrar o tempo, já que quando chegava da escola conseguia separar um período para por os estudos em ordem.

“Hoje eu espero os professores enviarem as atividades na plataforma e vou fazendo por ordem de data de entrega, mas não tenho horário fixo pra começar ou terminar de fazer cada atividade”, detalhou a adolescente.

Além da adaptação ao ensino virtual, a estudante afirma que a falta de contato com outros estudantes tem sido outro desafio. “Eu gostava bastante de interagir durante as aulas, mas no ensino remoto é só você e seu celular e isso prejudicou bastante meu desempenho”, declarou Sabrina.

PESQUISA

Quanto ao ensino a distância, não somente os estudantes sentiram dificuldades com as mudanças. Uma pesquisa realizada no Brasil pela International School, com o apoio do edc Collab – Educational Development, e divulgada em outubro do ano passado, mostra que com relação ao tempo de preparo das aulas, 96,6% dos educadores relataram impacto nesta nova estrutura educacional.

Segundo o estudo, este impacto contribuiu para o desgaste físico e emocional dos profissionais de educação. Ainda de acordo com o levantamento, 91,7% dos mestres afirmaram ter procurado ajuda psicológica durante esse período de pandemia.

PALAVRA DA ESPECIALISTA

Para a psicopedagoga, Tayna Agra, a falta de rotina e interação presencial entre alunos e professores pode ser prejudicial para o ensino. Apesar das dificuldades e possíveis prejuízos, a profissional avalia que bons resultados podem ser obtidos nesse período.

“Além do menor risco de contágio, é possível fazer blocos de atividades de acordo com o perfil do aluno, observando o tempo médio de concentração dele e fazendo pequenas paradas para ele ter uma atividade relaxante. Com isso, mantemos um maior tempo de concentração do aluno durante a realização das atividades”, indicou.

Com o tempo maior de exposição às telas, o ensino pode se tornar cansativo e maçante. A profissional explica que uma maneira de evitar a exaustão é diminuir o número de atividades e apostar em flexibilidade.

“O ensino remoto nos proporciona a possibilidade de flexibilizar o currículo e tornar ele mais funcional. Por isso, apostar em atividades que sejam mais funcionais e diminuir o número de exercícios escritos pode tornar menos exaustivo”, recomendou a especialista

Já para os pais e alunos, a dica é manter a organização e horários alinhados. Como a presença maior será dos pais, junto ao estudante, eles precisam acompanhar esse processo educacional, para assim, obter resultados positivos na aprendizagem do filho.

“Manter uma rotina e seguir ela. Entender qual forma que o estudante consegue se concentrar mais e assim organizar sua rotina. O auxílio da família para manter o estudante motivado é importante, pois é um momento de incertezas e perdas, eles nem sempre conseguem expressar seus sentimentos da forma adequada. Então, é preciso ter um olhar para observar se a desmotivação não tem relação com a saúde mental do aluno”, aconselhou a psicopedagoga.