A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Ianomâmi 709 entre 5 e 14 de março, em cumprimento à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia ordenado a retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami em Roraima. A medida é para evitar propagação de casos de coronavírus.

Segundo a PF, a identificação dos locais de exploração mineral ilegal foi feita com base em ações anteriores e em dados de inteligência integrados à Plataforma de Monitoramento com Imagens de Satélite. O uso dessa tecnologia é defendido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, para evitar invasão de garimpeiros.

Imagens divulgadas pela PF mostram que um bingo realizado em uma das quatro áreas da Terra Yanomami tinha como prêmios: armas de fogo e garrafas de uísque. Durante a operação, foram destruídos motores e aeronaves e feitas apreensões de GPS, celulares, aparelhos de internet via satélite, ouro, mercúrio, armamentos e drogas.

Em apenas um dos garimpos, em região conhecida como “Fofoca do Cavalo”, no rio Uraricuera, os policiais estimaram a presença de mais de duas mil pessoas, que contavam com uma infraestrutura com bares, lan house, mercado e até um local onde parecia funcionar um consultório odontológico.

Também foram coletadas amostras das águas dos rios da região, que serão objeto de análise da perícia da Polícia Federal. A ação teve apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Força Aérea e Exército.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), com base nas informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), revelam que foram confirmados 1.486 pacientes infectados pela Covid-19 e 13 mortes pela doença. 

 

INVASÃO

Neste mês, o Roraima em Tempo revelou que a entrada de garimpeiros nas terras indígenas cresceu após aprovação da lei estadual proposta pelo governador Antonio Denarium (sem partido) que liberou atividades garimpeiras no estado. Em seguida, o próprio STF suspendeu a legislação e ordenou que um plano fosse colocado em prática para retirar os invasores.

Desde o ano passado, o Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR) cobra a reativação total das Bases de Proteção Etnoambientais, como forma de impedir que invasores entrem nas reservas. Mesmo após diversas cobranças, as estruturas foram parcialmente instaladas. Estimativa do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) afirma que mais de 20 mil garimpeiros estão na região.