Conforme boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dessa terça-feira (16), Roraima registrou leve recuo e está com a menor taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do país. Contudo, o percentual é de 73% (antes em 80%), o que causa preocupação em meio ao pior momento da pandemia.

Entre os dias 7 e 13 de março, uma média de 1,8 mil pessoas morreram no Brasil por dia por causa da doença. Nesse ritmo, a Fiocruz indica que o número de mortos pela Covid-19 cresce 2,6% diariamente.

Roraima e Rio de Janeiro são os únicos com nível de alerta intermediário. No caso do Rio, os leitos de UTI operam com 79% da capacidade. Os percentuais mais altos estão no Centro-Sul do Brasil, como Rio Grande do Sul (100%), Santa Catarina (99%), Paraná (96%), Mato Grosso do Sul (93%), Goiás (97%) e Brasília (97%).

“Em termos gerais, os números elevados denotam o colapso do sistema de saúde para o atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19, além de prejuízos imensuráveis no atendimento de pacientes que demandam cuidados em razão de outros problemas de saúde”, menciona relatório da fundação.

O Brasil se deparou com esse cenário após a proliferação de variantes do vírus, que surgiram após contaminação em massa da doença. Uma dessas mutações surgiu no Amazonas e foi encontrada em Roraima no mês passado.

“Na primeira onda de contágio o remanejamento logístico de pacientes para outros municípios, regiões ou estados que apresentavam a diminuição dos casos foi possível. Isso ocorreu devido aos tempos epidêmicos diferentes entre os diferentes municípios, regiões ou estados. Após o processo de sincronização da epidemia, processos envolvendo a ampliação da propagação fizeram com que a doença crescesse de forma simultânea no país”, complementa o boletim.

Roraima registra 86,3 mil casos positivos para coronavírus e 1,2 mil mortes. Somente ontem (16), 11 óbitos provocados pela doença foram contabilizados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

ALTERNATIVAS

Entre as medidas recomendadas pela fundação está o toque de recolher a partir das 20h. Essa medida foi adotada em Boa Vista nos primeiros dias de março, momento em que Roraima era o estado em que percentual de mortes pela doença mais crescia no país.

Hoje, comércios estão autorizados a funcionar presencialmente até às 21h. O prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB), disse que isso ocorre porque o período noturno é o de maior preocupação com contaminação, já que as pessoas costumam confraternizar em casas de amigos, o que causa aglomerações e a prefeitura é incapaz de impedir.

“A prefeitura atua nos comércios porque é onde podemos atuar, mas pessoas ainda fazem confraternizações, visitam amigos, parentes, e promovem aglomerações em casas. Essas coisas não deveriam acontecer. Peço em nome da prefeitura para que a população evite essas aglomerações. Uma pessoa pode confraternizar, mas em questão de dias pode precisar de um atendimento urgente”, alertou.

Medidas recomendadas pela Fiocruz às prefeituras e governos são:

  • proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
  • suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;
  • toque de recolher nacional a partir das 20h até às 6h da manhã e durante os finais de semana;
  • fechamento das praias e bares;
  • adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;
  • instalação de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;
  • medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;
  • ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos.