Chico Rodrigues reassumiu o cargo de senador por Roraima, nesta quinta-feira (18), após 121 dias de licença. Ele disse que viveu um trauma e vai carregar para sempre as chagas “dessa excruciante provocação”. O político é suspeito de desviar recursos da Saúde e foi pego com R$ 33 mil na cueca durante operação da Polícia Federal (PF).

A carta foi enviada ao Senado para comunicar o retorno dele às atividades. Nessa quarta-feira (17), o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a volta, mas o proibiu de integrar a comissão que fiscaliza recursos da pandemia de coronavírus. Ele também não pode falar com outros investigados, como o senador Telmário Mota (Pros).

Rodrigues escreveu que precisou de tratamento psiquiátrico durante os quatro meses, e voltou a dizer que teve a casa invadida pelos agentes federais, em outubro de 2020. O senador afirma que duvidou se de fato se tratava de uma operação policial ou “ação de uma quadrilha especializada”.

“Nenhuma pessoa idônea que não possua mentalidade, vocação ou prática criminosa está preparada para situação como a que vivi […] Estava dominado pelo pânico e pelo medo. Por aquele momento de desespero quero pedir desculpas a todos se não consegui manter o comportamento de equilíbrio mais adequado”, pondera.

Líderes partidários avaliam que a volta de Chico Rodrigues causa constrangimento ao Congresso Nacional, já que ele não explicou a origem do dinheiro encontrado nas roupas íntimas, nem as acusações da Polícia Federal. O político ocupava o cargo de vice-líder do governo Bolsonaro, mas foi destituído após a operação.

Chico assegura que as emendas parlamentares não foram usadas. Contudo, a PF constatou que as irregularidades começavam com o direcionamento das licitações para empresas ligadas aos senadores e deputados. Há entendimento jurídico que fraudes no processo para contratar serviço pode ser interpretado como improbidade administrativa.

“O que é fundamental, do ponto de vista do interesse público e da sociedade, é que não cometi nenhum ato ilícito, nenhum ação desabonadora, nenhuma prática ilegal […] Quanto às injúrias de que teria me beneficiado das parcelas das emendas que destinei, nenhum centavo foi empenhado ou gasto até o presente momento”, defende.

INQUÉRITO

O senador foi alvo de um dos sete mandados de busca e apreensão autorizados pelo STF, em outubro de 2020. Ele é investigado pela “Operação Desvid-19”, que apura desvios de mais de R$ 20 milhões em emendas parlamentares destinadas à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para o enfrentamento da pandemia.

Durante a ação de busca, a PF encontrou o dinheiro após desconfiar que o parlamentar escondia algo na cueca, e pediram para ele ficasse nu e se agachasse. Ele tem mais de 30 anos de vida política, já foi governador e deputado federal por Roraima.